sweet and sour 🇧🇷

Fui na padaria e pedi um espresso quadruplo. 

A mulher atrás do balcão arregalou os olhos para mim, por um segundo sem saber se levava a sério a menina de meias três-quartos com estampa de gato e Vans quadriculados.

Eu sorri pra ela como quem fala, não tô de brincadeira. Ela assentiu e foi falar com o barista, que veio até mim, sorriso grande no rosto: "Você já provou uma colada? Se é cafeína que você precisa, vai ser melhor do que o espresso.”

Ah, a famosa colada. Um café forte - realmente bem mais intenso do que qualquer espresso - tipicamente preparado com largas colheradas de açúcar e servido em pequenos copinhos pra ser tomado de uma só vez. Em shots mesmo. 

Nos meus sete anos vivendo em Miami, tomei várias coladas, apesar de, honestamente, odiar o gosto doce do açúcar misturado com o amargo do café passado. Tomei com os meus chefes cubanos da agência onde estagiei, com colegas colombianos da escola de publicidade, e até com próprios americanos antes de ir pra festa (sim, that's a thing).

Foi então, talvez por pura nostalgia, que eu aceitei a sugestão do barista da padaria de São Paulo. Pedi sem açúcar e saí de lá com um pote venti de cafeína e um certo aperto no peito. O sweet and sour de lembranças de tempos melhores que não voltam mais, mas podem, de certa forma, ser replicados.

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