🇧🇷 o fim foi um espetáculo

O fim foi um espetáculo. A maneira como ela caiu de bruços sobre si mesma, o céu acima se contorcendo num caos escuro de nuvens e trovões. 

Se ela soubesse que iria acabar assim, será que ela o repetiria? Cada momento, cada crise, todas as dores. Se ela soubesse que não teria escape, não teria volta, que cada caminho e todas as consequências desembocariam aqui e agora, será que ela o faria de novo?

O começo foi tão simples. Tão fácil. O fim nem lhe passava pela cabeça. O quão ingênua ela era. O quão feliz. Completamente desarmada para o impacto das suas próprias decisões. Vivendo cegamente o hoje, se esquecendo do amanhã.

E como olhar para trás e enumerar cada escolha que a levou até este momento? Onde foi que ela errou?

Uma chuva fina caía agora, se esparramando pelos seus cabelos lambidos, se misturando com suas lágrimas salgadas. 

Sim, houveram minutos de glória, momentos de felicidade passageiros que permaneceriam cravados em sua memória para sempre. Tudo um piscar de olhos perto do abismo que ela cavou para si.
Não havia volta, ela sabia bem. A porta não havia meramente se fechado atrás dela, havia se batido com um estrondo que imitava as trovoadas acima. 

Ela perdera tempo, desperdiçara suas chances. 

Então é assim que acaba, ela pensou consigo. 

Um soluço ameaçou engoli-la. E, neste exato momento, um feixe de luz. Rompendo o caos e o desespero e a atingindo diretamente, cegando-a por alguns segundos. 

Erguendo a cabeça, ela olhou para as nuvens carregadas, que agora se moviam, rendendo um vislumbre do céu azul — meramente escondido por trás do temporal escuro. 

Um lembrete de que tudo, até a tempestade, passa. 

Devagar, ela se empurrou contra o chão molhado. Um pé, depois o outro, e, com um profundo exalar, ela estava ereta. A chuva agora diminuía seu ritmo, permitindo com que ela enxergasse melhor à sua frente. 

Havia ali um caminho. E, dessa vez, ela o encarava inteiramente ciente das suas decisões passadas. Os erros que a levaram a tropeçar em si mesma. Ela o encarava leve como uma folha em branco.

Ela não faria tudo de novo. Não da mesma maneira. Aqui estava a chance de dar novos passos. 

Se esse era o fim, era também um começo.

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